Ponto a ponto: entenda detalhes da investigação sobre morte de PM e empresária achados em motel
04/10/2025
(Foto: Reprodução) Água da banheira de motel onde casal foi achado morto chegou a 50ºC, diz polícia
A investigação sobre a morte do policial militar Jeferson Luiz Sagaz e da companheira dele, a empresária Ana Carolina Silva, foi concluída cerca de dois meses após os dois serem encontrados sem vida na banheira de um motel de São José, na Grande Florianópolis. O resultado do inquérito foi divulgado na última quarta-feira (1º) pelas polícias Civil e Científica.
Nesta reportagem, o g1 reúne as informações divulgadas sobre o caso, após 16 laudos e a tomada de depoimentos, além de perícias em celulares e câmeras.
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Leia abaixo os detalhes divulgados sobre a investigação:
O casal foi achado morto em 11 de agosto, uma segunda-feira, em um motel de São José (SC), às margens da BR-101. A investigação apontou que Jeferson e Ana Carolina consumiram álcool e drogas e foram vítimas de intoxicação exógena, reação no corpo causada por uma substância externa. Isso ocorreu por múltiplos fatores.
"A causa de ambas as mortes foi a mesma. Foi intoxicação exógena, favorecendo o processo de intermação (hipertermia induzida pelo calor), com desidratação intensa, colapso térmico, dentre outros, culminando com a falência orgânica e a morte. Ou seja, esse óbito ocorreu por condições multifatoriais", disse Andressa Boer Fronza, perita-geral da Polícia Científica.
🔍 Os corpos ficaram aquecidos, como mostrou a investigação, pois os dois estavam em uma banheira. Segundo a Polícia Civil, a temperatura da água chegou a 50ºC. Além disso, o aquecedor do quarto estava ligado em temperatura elevada.
O diretor de Medicina Legal da Polícia Científica, doutor Fernando Oliva da Fonseca, afirmou que a necrópsia nos corpos apontou alterações chamadas de intermação (aquecimento do corpo). Conforme ele, a morte ocorreu por uma combinação de fatores, já que a cocaína e o álcool podem ter feito que os dois não sentissem a temperatura aquecendo.
"O uso da cocaína, que pelas doses por si só já poderia dar um torpor [sentimento de mal-estar], uma sonolência e até coma no indivíduo, somado ao etanol [álcool], que também causa isso nas doses elevadas, como torpor, coma e sonolência. Soma os dois, aumenta o fator [risco] e aí pode ter havido justamente isso, a pessoa entra em torpor naquela temperatura e vai subindo e ela não sente isso e não tem uma reação de defesa", disse o médico.
Intoxicação exógena como causa da morte
A perícia apontou ainda que os exames toxicológicos constataram níveis elevados de álcool e a presença de cocaína em ambas as vítimas, caracterizando intoxicação exógena. No entanto, uma combinação com as altas temperaturas aumentou o risco.
"O cenário mais plausível é de que a associação do consumo de álcool e cocaína, combinada com a exposição prolongada à água quente, tenha criado condições favoráveis para perda súbita de consciência e colapso cardiovascular, situação em que o sistema sanguíneo", explicou a Polícia Científica de Santa Catarina.
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Exclusivo: PM e empresária mortos em motel de SC desmaiaram em banheira
Família contesta
Após a conclusão e a divulgação do caso, a família de Ana Carolina emitiu nota de repúdio e afirmou que a mulher não era usuária de drogas e levantou a "preocupação de possível ingestão forçada ou envenenamento". Os parentes da mulher também pediram uma "investigação rigorosa, transparente e imparcial" sobre o caso.
Após a manifestação, o g1 procurou a Polícia Civil e a corporação informou que não irá se manifestar sobre a investigação, tendo em vista que o inquérito foi concluído e enviado ao Poder Judiciário.
A Polícia Científica reiterou o conteúdo dos laudos e afirmou que "todos os exames periciais realizados seguiram rigorosos protocolos científicos".
MANIFESTAÇÃO: Família cita 'possível ingestão forçada' de droga
Desde o início, a Polícia Civil tinha como hipótese principal morte acidental dos dois. Ao longo da investigação, a participação de outras pessoas no episódio, a suspeita de choque elétrico ou envenenamento por gás foi descartada. Os corpos não tinham sinais de violência.
As vítimas
Ana Carolina Silva, de 42 anos, era dona de uma empresa de esmalteria. Já Jeferson, de 37 anos, atuava na Academia de Polícia Militar da Trindade (APMT), em Florianópolis. Ele não estava com a arma no motel.
Ao g1, o irmão de Ana Carolina explicou que os dois estavam juntos havia quase 20 anos. Eles deixam uma filha pequena, de 4 anos.
"Nos despedimos de uma mãe, uma chefa, uma filha, uma esposa, uma mulher excepcional", disse o comunicado da empresa de Ana.
Leia mais sobre o casal aqui
Cronologia
Além do quarto do motel, o carro do casal e câmeras de segurança do local foram periciadas pela Polícia Civil, que traçou uma cronologia do que ocorreu antes da morte. Confira:
Infográfico - Morte PM e empresária em motel de SC
Arte/g1
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